Há alguns anos, um diretor de cinema resolveu fazer um filme sobre a violência que acompanhava a guerra ao tráfico de drogas. Fez uma grande produção, convidou bons atores para todos os papeis, exceto para o principal. Nesse caso, o convite foi enderaçado a um ator simplesmente genial. O resultado foi fantástico. Histórico, eu diria.
Mas, alguma coisa deu errado. O público não saia do cinema questionando a tortura e as mortes. Pelo contrário, saia rindo e repetindo os bordões violentos. Até as músicas que abriam e fechavam o filme, falando da barbárie praticada pelo tráfico e pela polícia, viraram hits. Tocavam em todos os churrascos.
Eu imagino que a satisfação dos artistas não foi completa. Por um lado, ganharam dinheiro e reconhecimento popular e da crítica, o que é sempre bom. Por outro, criaram um estranho herói popular, que tinha o super poder da brutalidade. Mas, nem tudo estava perdido. Havia um jeito de aumentar a parcela de satisfação adquirida e ainda corrigir aquela dorzinha no peito: fazer outro filme, com a mesma qualidade.
Assim, ao que me parece, nasceu Tropa de Elite 2. Se o Capitão Nascimento virou ícone ,vamos usar o seu prestígio. Vamos fazê-lo entender a primeira história e ver se assim algum fã faz o mesmo. Tive a impressão que a construção visava dar um soco no estômago de quem colocou a trilha do filme como toque de celular. E para isto, há uma armadilha.
A história começa como terminou a primeira, cantando "Tropa de elite, osso duro de roer...", e o público se excita. Depois, Capitão Nascimento, fala sobre uma rebelião em uma prisão:"Por mim, deixava eles se matarem". O público ri. Parece que vai ser uma repetição. Mas aí vão surgindo novos personagens: o militante do direitos humanos, o apresentador populista do programa "Mira Geral", o secretário de segurança pública, o governador... e a coisa vai mudando.
Aos poucos, todo mundo deixa de achar engraçado. O próprio (agora) Coronel Nascimento começa a fazer questionamentos sobre se, de fato, está fazendo segurança pública. Ele começa a ver que há outros interesses, na guerra em que luta. Para não deixar dúvidas, diz expressamente as conclusões a que chega. É impressionante a diferença da reação da platéia, em relação ao primeiro filme. Desta vez a platéia sai conversando e não pulando, repetindo frases de efeito.
O inimigo é, e sempre foi, outro. Para ficar, mais claro, só faltou o Wagner Moura dizer "entendeu, agora?". Não sei até que ponto a cultura repressiva está impregnada, mas se alguém ainda sair desse filme, achando bonito "usar o saco", é motivo de preocupação. Vale a pena!
Em tempo, hoje John Lennon faria 70 anos. Acho que ele e o Padilha quiseram dizer mesma coisa.
Mas, alguma coisa deu errado. O público não saia do cinema questionando a tortura e as mortes. Pelo contrário, saia rindo e repetindo os bordões violentos. Até as músicas que abriam e fechavam o filme, falando da barbárie praticada pelo tráfico e pela polícia, viraram hits. Tocavam em todos os churrascos.
Eu imagino que a satisfação dos artistas não foi completa. Por um lado, ganharam dinheiro e reconhecimento popular e da crítica, o que é sempre bom. Por outro, criaram um estranho herói popular, que tinha o super poder da brutalidade. Mas, nem tudo estava perdido. Havia um jeito de aumentar a parcela de satisfação adquirida e ainda corrigir aquela dorzinha no peito: fazer outro filme, com a mesma qualidade.
Assim, ao que me parece, nasceu Tropa de Elite 2. Se o Capitão Nascimento virou ícone ,vamos usar o seu prestígio. Vamos fazê-lo entender a primeira história e ver se assim algum fã faz o mesmo. Tive a impressão que a construção visava dar um soco no estômago de quem colocou a trilha do filme como toque de celular. E para isto, há uma armadilha.
A história começa como terminou a primeira, cantando "Tropa de elite, osso duro de roer...", e o público se excita. Depois, Capitão Nascimento, fala sobre uma rebelião em uma prisão:"Por mim, deixava eles se matarem". O público ri. Parece que vai ser uma repetição. Mas aí vão surgindo novos personagens: o militante do direitos humanos, o apresentador populista do programa "Mira Geral", o secretário de segurança pública, o governador... e a coisa vai mudando.
Aos poucos, todo mundo deixa de achar engraçado. O próprio (agora) Coronel Nascimento começa a fazer questionamentos sobre se, de fato, está fazendo segurança pública. Ele começa a ver que há outros interesses, na guerra em que luta. Para não deixar dúvidas, diz expressamente as conclusões a que chega. É impressionante a diferença da reação da platéia, em relação ao primeiro filme. Desta vez a platéia sai conversando e não pulando, repetindo frases de efeito.
O inimigo é, e sempre foi, outro. Para ficar, mais claro, só faltou o Wagner Moura dizer "entendeu, agora?". Não sei até que ponto a cultura repressiva está impregnada, mas se alguém ainda sair desse filme, achando bonito "usar o saco", é motivo de preocupação. Vale a pena!
Em tempo, hoje John Lennon faria 70 anos. Acho que ele e o Padilha quiseram dizer mesma coisa.
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