O Canal esportivo ESPN está exibindo um programa interessantíssimo, para quem gosta de futebol. Chama-se “Os Clássicos dos Mundiais” e consiste na exibição integral das partidas mais famosas de todos os tempos. Tenho assistido quase todas e percebi que Pelé, Maradona e Zico eram realmente geniais, mas Ronaldinho Gaúcho, Kaká e Ronaldo também seriam destaques em qualquer época. Vi também que antigamente havia tantas jogadas bizonhas quanto hoje em dia (mesmo de Pelé, Zico ou Maradona) e que a violência era incomparavelmente maior.
Infelizmente, porém, a emissora não conseguiu comprar os direitos da transmissão daquele que seguramente foi o momento mais fantástico da história do esporte. As novas gerações estão, portanto, privadas de conferir os lances da melhor equipe do século XX, no meu modesto e imparcial entendimento: o espetacular Missão Percevejo! Os leitores do blog, todavia, poderão, ao menos conhecer os fatos e saber dos bastidores do seu maior duelo, contra os famosos Profetas.
No final da década de 90, um grupo de jovens rebeldes e talentosos, oriundos do tradicional colégio Instituto Social da Bahia, tinha o hábito de freqüentar a praia de Jaguaribe, onde falavam besteiras, faziam planos de dominar o mundo e disputavam incontáveis partidas de futebol, contra quem aparecesse pela frente. E ganhavam todas, menos as amistosas. Haviam aprendido com o Politheama de Chico Buarque que vencer amistosos era até uma descortesia. A equipe era conhecida como Missão Percevejo.
Naquele tempo, os duelos praianos já rendiam muitas histórias. Em um dos embates, houve a participação especial de Dado Villa Lobos (ex-guitarrista da Legião Urbana), que teve a honra de vencer, com os Percevejos. Caetano Veloso, Paulo Ricardo (do RPM) e Regina Casé já acompanharam jogos do camarote,na barraca de seu Raimundo, comendo caranguejo. Só não sei se sabem disto.
Às vezes, sofriam gols, é verdade, como quando a modelo Paula Bulamarqui estava na praia,de topless, deitada de bruços na areia. O Missão Percevejo sofreu um contra-ataque e, estupefatos, seus atletas perceberam que o goleiro simplesmente tinha desaparecido. Após o tento contrário, descobriu-se o que ocorrera. A modelo havia se levantado para tomar banho de mar e o guarda-redes, talvez por confiar em demasia nos companheiros, correu para a água, tentando acompanhá-la, de um ponto privilegiado. Até hoje, suspeita-se que ela foi contratada pelos maliciosos rivais.
Os jogadores variavam, mas havia uma base sólida, com funções definidas. Igor, o Homem Motor, era o responsável pela correria, pelo fornecimento dos churrascos e da bebida favorita: leite Parmalat de morango, geladinho. Norba era o dono do chute mais potente e o verdadeiro craque do time, além de motorista, pois que o único a dirigir e possuía uma discreta caminhonete listrada, laranja e preta, apelidada de Tigrão. Alexandre era o xerife da zaga. Rodriguinho, cuja avantajada estatura o fez conhecido como Metade, era encarregado de contar piadas e gritar no meio campo. Mouse era o espetacular goleiro (embora estivesse ausente no incidente com Paula Bulamarqui). Danilo tinha a função de identificar os famosos presentes, como Dado. Dudu era o nosso craque de basquete e PC o craque do xadrez. Tínhamos certeza que acharíamos alguma utilidade para eles um dia. O destaque, capitão e artilheiro da equipe, contudo, era o humilde e modesto Rafito, clássico centroavante goleador.
Havia um tradicional torneio de futebol de salão, chamado Copa Maria Alice, cujos jogos se realizavam no ginásio do ISBA. Participavam jogadores profissionais, porém, como era uma competição amadora, as equipes usavam outros nomes. O Missão Percevejo decidiu expandir horizontes e levar a habilidade praieira para as quadras, transmitindo o verdadeiro espírito do futebol arte libertário, para aquelas almas de concreto, presas entre paredes.
Foram contratados reforços de peso, como Igor Kubiak, um técnico pivô, Robinho, ala esquerda, irmão de Rafito (gerando infundada acusação de nepotismo) e o goleiro reserva Gustavo, famoso por ser um doido completo.
Intensificaram-se os treinamentos: os craques tomavam banhos de mar, jogavam frescobol e bebiam leite Parmalat de morango quase todos os dias. De vez em quando, se a maré tivesse baixa, ainda jogavam bola. Só não comiam caranguejo, como Caetano, por falta de recursos financeiros. Estavam no esplendor técnico!
Na verdade, toda a competição era um mero pretexto para o confronto com um inimigo específico: os Profetas, equipe formada por professores de Educação Física e seus convidados. Vencer os mestres era um ato político, de libertação da juventude. Para os garotos recém saídos da escola, derrotar os docentes era tão importante, como foi para a Argentina vencer a Inglatera, após a guerra das Malvinas. Nos outros jogos, portanto, não importava o resultado, mas apenas a adaptação a todo aquele mundo estranho, em que se usava uniforme, caneleira, havia árbitros e os times tinham organização tática. Tinha até escanteio! O jogo para valer aconteceria no dia no dia 11 de setembro de 1999.
Antes disto, porém, no que consideravam meros amistosos, já surpreenderam o mundo com sua confiança, inteligência e habilidade. Na estréia, do torneio início, em que os jogos duravam apenas 15 minutos, enfrentaram o temido Mandinga, na época tetra-campeão. No cara ou coroa, mostraram que não estavam para brincadeira e venceram, escolhendo começar com a bola! Até na moeda eram bons!
No início do jogo, em um lance de pura magia, Metade tocou para Rafito, que percebendo o goleiro adiantado deu um leve toque por cobertura. A bola, caprichosamente, bateu no travessão. Os espectadores, comovidos, aplaudiram e concluíram, por unanimidade que o lance deveria entrar no rol dos mais belos gols perdidos, juntamente com o chute do meio campo de Pelé, ou o lance em que o rei driblou o goleiro, sem tocar na bola. No final, o Mandinga fez 5x0, mas ninguém ligava para o placar, ainda mais no torneio início. Na memória coletiva aquele foi o jogo do gol que Rafito não fez.
O período de preparação, porém, não foi um mar de rosas. Devido ao excesso de craques, houve um inevitável choque de egos. Nem todos aceitavam a reserva. Por conta disto, o indisciplinado PC, o principal enxadrista, rebelou-se e abandonou a equipe. Foi uma perda terrível, mas, por sorte, não um xeque-mate.
Chegou o dia decisivo. Os percevejos tinham problemas. Além do abandono de PC, o goleiro Mouse, que vinha fazendo milagres não poderia jogar, por causa de alguma frescura não esclarecida. O paredão, como a torcida o chamava, fechava o gol, como ninguém. Graças a ele, a média de gols sofridos nos amistosos era menor que 15 por partida. A equipe teria que confiar no reserva Gustavo. Era grande a sua responsabilidade e pequeno o seu juizo. Os fãs se preocupavam.
Os Profetas eram uma grande equipe. Destacavam-se o famoso Alan Rezende e seu filho, o lendário Léo Ballet. Mesmo assim, havia confiança nos Percevejos. A equipe inicial foi escalada com Gustavo no gol, Alexandre de fixo, Norba na ala direita, Robinho na ala esquerda e o artilheiro Rafito de pivô. O jogo começou tenso. As equipes se estudavam, mas não conseguiam furar as defesas. As torcidas roíam as unhas.
Aos três minutos, o resistente Alexandre cansou e foi substituído por Dudu. Além de ter um bom preparo físico, porém, o maratonista era visionário e descobriu como fazer o craque do basket render no futebol. Ao sair, disse as palavras mais sábias da sua vida: “Dudu, arf, entra que eu, arf, tô morto”. O cestinha compreendeu perfeitamente as entrelinhas da mensagem. Na primeira vez que tocou na bola, executou um poderoso chute (a bola atingiu 5,2 Km/h), que entrou à esquerda do goleiro. Goooool!!! Dizem que PC chorou ao saber do ocorrido. Só então percebeu que a sua utilidade seria logo encontrada. Faltou paciência à juventude.
Os Profetas não se intimidaram e partiram em busca do empate, correndo os riscos do contra-ataque. Robinho roubou uma bola e da defesa lançou Rafito. O atacante dominou a bola no ar e, com categoria, chutou cruzado, de esquerda. A pelota bateu na trave e entrou. Um Golaço!
O lance até hoje causa polêmica no meio esportivo. Os especialistas lamentam a não inclusão da jogada entre as indicadas para gol do século pela Fifa. Suspeita-se de um golpe portenho, para permitir a vitória de Maradona.
Após o gol, Rafito saiu, aplaudido de pé pela torcida, e deu lugar a Igor Kubiak. Metade também entrara no lugar de Robinho. Entre um e outro grito no meio campo, o gigante resolveu chutar a bola, para ver no que dava. Com grande senso de colocação, Igor Kubiak pegou o rebote a mandou para as redes. 3x0!!!
Depois disto, o time naturalmente relaxou. Enquanto os alas saíram pra comprar leite Parmalat de morango, o fixo olhava o jornal, para saber quando a maré baixaria e o pivô foi buscar as raquetes de frescobol. Desesperado, o goleiro se viu sozinho e resistiu bravamente, mas, sofreu dois gols. O jogo tinha ficado perigoso!
A equipe parecia morta, mas, como no poema de Drumonnd ( O Sobrevivente), "os percevejos heróicos renascem". Faltando um minuto para o fim do confronto, articularam uma jogada, para definir a partida. A tática escolhida foi: Danilo fica quieto no banco, Igor corre e o resto chuta pro gol. O complexo plano funcionou com perfeição. O homem motor confundiu os adversários, correndo sem rumo, até que Norba mandou um petardo. Gooool!!!! 4x2!!!
Os autofalantes fizeram um pot-pourri com “We are the champions”, Carruagem de Fogo e o tema da vitória! Foi festa em todo o país! Galvão Bueno não parava de gritar. Vanusa cantava o hino nacional. Os heróis desfilaram pela cidade no Tigrão, a famosa caminhonete do craque Norba. O futebol mundial nunca mais foi o mesmo. Ninguém nem viu quando os profetas fizeram o seu terceiro gol. 4x2, 4x3... tudo dava no mesmo!
Depois, os Percevejos voltaram às praias. A sua lição ao planeta estava dada. Sem eles, não haveria Messi ou Neymar, claramente influenciados pela escola Percevejística de futebol. Hoje, Mouse é um ilustre fisioterapeuta das estrelas. Metade é músico, também conhecido como Pequeno Canivete. Robinho, um cientista da computação. Norba, analista de sistemas. Dudu é administrador de empresas. PC é um engenheiro arrependido. Danilo é bancário. Igor manda em toda a Internet. Igor Kubiak é médico. Alexandre é um jornalista premiado nacionalmente. Gustavo é maluco. Rafito é Defensor Público e , agora, blogueiro.
A maior contribuição de todos eles à história, todavia, foi aquele jogo inesquecível. Ali o mundo aprendeu algo. Infelizmente, até hoje eu não sei o que foi.
ps: Para os descrentes, a prova documental da história:
Infelizmente, porém, a emissora não conseguiu comprar os direitos da transmissão daquele que seguramente foi o momento mais fantástico da história do esporte. As novas gerações estão, portanto, privadas de conferir os lances da melhor equipe do século XX, no meu modesto e imparcial entendimento: o espetacular Missão Percevejo! Os leitores do blog, todavia, poderão, ao menos conhecer os fatos e saber dos bastidores do seu maior duelo, contra os famosos Profetas.
No final da década de 90, um grupo de jovens rebeldes e talentosos, oriundos do tradicional colégio Instituto Social da Bahia, tinha o hábito de freqüentar a praia de Jaguaribe, onde falavam besteiras, faziam planos de dominar o mundo e disputavam incontáveis partidas de futebol, contra quem aparecesse pela frente. E ganhavam todas, menos as amistosas. Haviam aprendido com o Politheama de Chico Buarque que vencer amistosos era até uma descortesia. A equipe era conhecida como Missão Percevejo.
Naquele tempo, os duelos praianos já rendiam muitas histórias. Em um dos embates, houve a participação especial de Dado Villa Lobos (ex-guitarrista da Legião Urbana), que teve a honra de vencer, com os Percevejos. Caetano Veloso, Paulo Ricardo (do RPM) e Regina Casé já acompanharam jogos do camarote,na barraca de seu Raimundo, comendo caranguejo. Só não sei se sabem disto.
Às vezes, sofriam gols, é verdade, como quando a modelo Paula Bulamarqui estava na praia,de topless, deitada de bruços na areia. O Missão Percevejo sofreu um contra-ataque e, estupefatos, seus atletas perceberam que o goleiro simplesmente tinha desaparecido. Após o tento contrário, descobriu-se o que ocorrera. A modelo havia se levantado para tomar banho de mar e o guarda-redes, talvez por confiar em demasia nos companheiros, correu para a água, tentando acompanhá-la, de um ponto privilegiado. Até hoje, suspeita-se que ela foi contratada pelos maliciosos rivais.
Os jogadores variavam, mas havia uma base sólida, com funções definidas. Igor, o Homem Motor, era o responsável pela correria, pelo fornecimento dos churrascos e da bebida favorita: leite Parmalat de morango, geladinho. Norba era o dono do chute mais potente e o verdadeiro craque do time, além de motorista, pois que o único a dirigir e possuía uma discreta caminhonete listrada, laranja e preta, apelidada de Tigrão. Alexandre era o xerife da zaga. Rodriguinho, cuja avantajada estatura o fez conhecido como Metade, era encarregado de contar piadas e gritar no meio campo. Mouse era o espetacular goleiro (embora estivesse ausente no incidente com Paula Bulamarqui). Danilo tinha a função de identificar os famosos presentes, como Dado. Dudu era o nosso craque de basquete e PC o craque do xadrez. Tínhamos certeza que acharíamos alguma utilidade para eles um dia. O destaque, capitão e artilheiro da equipe, contudo, era o humilde e modesto Rafito, clássico centroavante goleador.
Havia um tradicional torneio de futebol de salão, chamado Copa Maria Alice, cujos jogos se realizavam no ginásio do ISBA. Participavam jogadores profissionais, porém, como era uma competição amadora, as equipes usavam outros nomes. O Missão Percevejo decidiu expandir horizontes e levar a habilidade praieira para as quadras, transmitindo o verdadeiro espírito do futebol arte libertário, para aquelas almas de concreto, presas entre paredes.
Foram contratados reforços de peso, como Igor Kubiak, um técnico pivô, Robinho, ala esquerda, irmão de Rafito (gerando infundada acusação de nepotismo) e o goleiro reserva Gustavo, famoso por ser um doido completo.
Intensificaram-se os treinamentos: os craques tomavam banhos de mar, jogavam frescobol e bebiam leite Parmalat de morango quase todos os dias. De vez em quando, se a maré tivesse baixa, ainda jogavam bola. Só não comiam caranguejo, como Caetano, por falta de recursos financeiros. Estavam no esplendor técnico!
Na verdade, toda a competição era um mero pretexto para o confronto com um inimigo específico: os Profetas, equipe formada por professores de Educação Física e seus convidados. Vencer os mestres era um ato político, de libertação da juventude. Para os garotos recém saídos da escola, derrotar os docentes era tão importante, como foi para a Argentina vencer a Inglatera, após a guerra das Malvinas. Nos outros jogos, portanto, não importava o resultado, mas apenas a adaptação a todo aquele mundo estranho, em que se usava uniforme, caneleira, havia árbitros e os times tinham organização tática. Tinha até escanteio! O jogo para valer aconteceria no dia no dia 11 de setembro de 1999.
Antes disto, porém, no que consideravam meros amistosos, já surpreenderam o mundo com sua confiança, inteligência e habilidade. Na estréia, do torneio início, em que os jogos duravam apenas 15 minutos, enfrentaram o temido Mandinga, na época tetra-campeão. No cara ou coroa, mostraram que não estavam para brincadeira e venceram, escolhendo começar com a bola! Até na moeda eram bons!
No início do jogo, em um lance de pura magia, Metade tocou para Rafito, que percebendo o goleiro adiantado deu um leve toque por cobertura. A bola, caprichosamente, bateu no travessão. Os espectadores, comovidos, aplaudiram e concluíram, por unanimidade que o lance deveria entrar no rol dos mais belos gols perdidos, juntamente com o chute do meio campo de Pelé, ou o lance em que o rei driblou o goleiro, sem tocar na bola. No final, o Mandinga fez 5x0, mas ninguém ligava para o placar, ainda mais no torneio início. Na memória coletiva aquele foi o jogo do gol que Rafito não fez.
O período de preparação, porém, não foi um mar de rosas. Devido ao excesso de craques, houve um inevitável choque de egos. Nem todos aceitavam a reserva. Por conta disto, o indisciplinado PC, o principal enxadrista, rebelou-se e abandonou a equipe. Foi uma perda terrível, mas, por sorte, não um xeque-mate.
Chegou o dia decisivo. Os percevejos tinham problemas. Além do abandono de PC, o goleiro Mouse, que vinha fazendo milagres não poderia jogar, por causa de alguma frescura não esclarecida. O paredão, como a torcida o chamava, fechava o gol, como ninguém. Graças a ele, a média de gols sofridos nos amistosos era menor que 15 por partida. A equipe teria que confiar no reserva Gustavo. Era grande a sua responsabilidade e pequeno o seu juizo. Os fãs se preocupavam.
Os Profetas eram uma grande equipe. Destacavam-se o famoso Alan Rezende e seu filho, o lendário Léo Ballet. Mesmo assim, havia confiança nos Percevejos. A equipe inicial foi escalada com Gustavo no gol, Alexandre de fixo, Norba na ala direita, Robinho na ala esquerda e o artilheiro Rafito de pivô. O jogo começou tenso. As equipes se estudavam, mas não conseguiam furar as defesas. As torcidas roíam as unhas.
Aos três minutos, o resistente Alexandre cansou e foi substituído por Dudu. Além de ter um bom preparo físico, porém, o maratonista era visionário e descobriu como fazer o craque do basket render no futebol. Ao sair, disse as palavras mais sábias da sua vida: “Dudu, arf, entra que eu, arf, tô morto”. O cestinha compreendeu perfeitamente as entrelinhas da mensagem. Na primeira vez que tocou na bola, executou um poderoso chute (a bola atingiu 5,2 Km/h), que entrou à esquerda do goleiro. Goooool!!! Dizem que PC chorou ao saber do ocorrido. Só então percebeu que a sua utilidade seria logo encontrada. Faltou paciência à juventude.
Os Profetas não se intimidaram e partiram em busca do empate, correndo os riscos do contra-ataque. Robinho roubou uma bola e da defesa lançou Rafito. O atacante dominou a bola no ar e, com categoria, chutou cruzado, de esquerda. A pelota bateu na trave e entrou. Um Golaço!
O lance até hoje causa polêmica no meio esportivo. Os especialistas lamentam a não inclusão da jogada entre as indicadas para gol do século pela Fifa. Suspeita-se de um golpe portenho, para permitir a vitória de Maradona.
Após o gol, Rafito saiu, aplaudido de pé pela torcida, e deu lugar a Igor Kubiak. Metade também entrara no lugar de Robinho. Entre um e outro grito no meio campo, o gigante resolveu chutar a bola, para ver no que dava. Com grande senso de colocação, Igor Kubiak pegou o rebote a mandou para as redes. 3x0!!!
Depois disto, o time naturalmente relaxou. Enquanto os alas saíram pra comprar leite Parmalat de morango, o fixo olhava o jornal, para saber quando a maré baixaria e o pivô foi buscar as raquetes de frescobol. Desesperado, o goleiro se viu sozinho e resistiu bravamente, mas, sofreu dois gols. O jogo tinha ficado perigoso!
A equipe parecia morta, mas, como no poema de Drumonnd ( O Sobrevivente), "os percevejos heróicos renascem". Faltando um minuto para o fim do confronto, articularam uma jogada, para definir a partida. A tática escolhida foi: Danilo fica quieto no banco, Igor corre e o resto chuta pro gol. O complexo plano funcionou com perfeição. O homem motor confundiu os adversários, correndo sem rumo, até que Norba mandou um petardo. Gooool!!!! 4x2!!!
Os autofalantes fizeram um pot-pourri com “We are the champions”, Carruagem de Fogo e o tema da vitória! Foi festa em todo o país! Galvão Bueno não parava de gritar. Vanusa cantava o hino nacional. Os heróis desfilaram pela cidade no Tigrão, a famosa caminhonete do craque Norba. O futebol mundial nunca mais foi o mesmo. Ninguém nem viu quando os profetas fizeram o seu terceiro gol. 4x2, 4x3... tudo dava no mesmo!
Depois, os Percevejos voltaram às praias. A sua lição ao planeta estava dada. Sem eles, não haveria Messi ou Neymar, claramente influenciados pela escola Percevejística de futebol. Hoje, Mouse é um ilustre fisioterapeuta das estrelas. Metade é músico, também conhecido como Pequeno Canivete. Robinho, um cientista da computação. Norba, analista de sistemas. Dudu é administrador de empresas. PC é um engenheiro arrependido. Danilo é bancário. Igor manda em toda a Internet. Igor Kubiak é médico. Alexandre é um jornalista premiado nacionalmente. Gustavo é maluco. Rafito é Defensor Público e , agora, blogueiro.
A maior contribuição de todos eles à história, todavia, foi aquele jogo inesquecível. Ali o mundo aprendeu algo. Infelizmente, até hoje eu não sei o que foi.
ps: Para os descrentes, a prova documental da história:
o Dado, amigo Rafito, era guitarrista do Legião Urbana! E infelizmente eu não estava nesse dia em campo. E ler tudo isso é estranho, porque não tenho memórias claras dessa época. Acho que aquele tradicional leite Parmalat de todos os treinos estava batizado, como a água de BrasilxArgentina em 90! Grande abraço!
ResponderExcluirQue é isto, Metade? Quem disse que ele não tocava bateria também?
ResponderExcluirBrincadeira! Um relato tão preciso e fiel aos fatos não poderia conter nenhuma imprecisão. corrigido.
abraços
Rafito, que história é essa de gol de rebote???? O lance do meu gol havia sido uma falta ao nosso favor (que nem sei quem cobrou...) a bola estava indo a meia altura em direção ao goleiro que estava crente que iria defender com facilidade, quando surgiu o número 13 em sua frente dominando a bola ainda no ar e já driblando o goleiro para a sua esquerda e no 2º toque fiz o gol (DETALHE: A bola nem tocou o chão.... foi um golaço).
ResponderExcluirEsse torneio foi flórida, tivemos 2 vitórias: essa que foi a principal e outra de WO. Todas as outras apanhamos feio (também só tínhamos 1 ou 2 reservas e os outros rodavam direto... mas era muito bom, mesmo quando perdíamos por dezenas...)
Tô esperando o da Copa Zeca (este será bem longo...)
ResponderExcluirKubiak, minha versão parce mais factível que a sua. heheheheh
ResponderExcluirDébora, vamos ver quando sai.
abraços
Eai Rafson... Grande post, a crônica é excelente e seja ela verídica ou não, sinto-me contente por interagir e quase presenciar o jogo entre os percevejos e os profetas, mesmo me encontrando há mais de 1000km de distância da Cidade de todos os santos, no ano dos "fatos", ou melhor, desta história. Antes de encerrar este comentário devo fazer uma ressalva e mencionar que os preparativos e treinamento feito pelo Missão Percevejo é muito anterior aos fatos narrados, pois como se sabe o Robinho e o Rafito adquiriram vasta experiência futebolística nos amistosos que fazíamos no sítio de nossos avós Francisco Zilmar e Dona Josina... Bons tempos àqueles! De qualquer forma, bons craques são moldados com tempo e talento e, com a participação de dois craques das Fámílias Saraiva e Ximenes, o Missão Percevejo se consagrou campeão contra o time dos Profetas, isso tudo sem desmerecer os demais integrantes da equipe e o treinamento intensivo com sabor de leite parmalat morango! Abraços, com a certeza de minha presença na cadeira cativa deste grande blog!!!
ResponderExcluirParabéns pelo blog Rafito! Os textos estão muito bons. Acompanharei sempre que possível.
ResponderExcluirSerá que o Missão Percevejo ganharia do Carrossel da Liberdade?
Abraço,
Sérgio
HAUHAUAHUAHUAHAUHAUAHUAHAUHAUAHAUHAUAHUA
ResponderExcluirQue texto fantástico !!! Não me lembro de muita coisa, mas com certeza, sua imaginação condiz com a realidade da época: éramos um time "exótico", que ninguém conhecia, mas sempre surpreendendo os adversários.
Grande abraço a todos Percevejences !!!
Norba.
Cabra ingrato... o lançamento que fiz faria inveja ao Ronaldinho Gaúcho... com esse passe até Souza fazia o gol!!!
ResponderExcluirBBMP!!!
Rapaz fiz uma viagem no tempo! Muito massa!
ResponderExcluirAbração Rafito