Eu tenho várias utopias. Sonho com um mundo sem guerras, sem violência estatal, com pleno respeito aos direitos humanos, sem racismo, com respeito à diversidade sexual, com pleno emprego, sem pobreza, sem desigualdade social, com um direito penal mínimo, sem prisões, com o Bahia campeão do mundo e muitas outras coisas. Sei que talvez, a realização seja impossível. Quero, entretanto, chegar o mais próximo que der.
Estamos no segundo turno da eleição presidencial e é preciso definir em quem votar, já que não optei por nenhum dos vencedores do primeiro turno. Temos de um lado,a candidata do governo e de outro o da oposição, que foi governo nos 08 anos anteriores. Então, para começar a decidir, tenho que pensar no que me desagradou, na última administração e se foi diferente antes.
A primeira coisa que não gostei foram as alianças feitas pelo PT (com Sarney, por exemplo). Mas, pensando bem, foram as mesmas feitas pelo PSDB. Não é, portanto, um critério para votar contra o governo. Depois vieram os casos de corrupção. Mas, eles aconteceram também no governo de FHC (compra de votos para reeleição, privatizações, etc). Outra vez, não é um critério válido. Dizer que o PT foi pior porque pregava a ética e não foi, pra mim, não faz sentido. Desde quando o PSDB assumiu que não era ético? Não gostei também da política criminal, mas não foi semelhante àquela do PSDB. Estes fatos poderiam justificar um voto em Plínio, Zé Maria, etc., mas não em Serra ou Dilma (nem em Marina, porque participou do governo quase até o fim).
Resta, então, ver o que cada um fez, ou parece que fará, e a condução das campanhas. Os números são amplamente favoráveis ao governo de Lula e Dilma, em relação ao governo de FHC e Serra, embora os últimos também tenham seus méritos. É inegável que a pobreza diminuiu nos últimos 08 anos. É nítido também que o desemprego caiu, que se investiu mais em educação, que os militantes de direitos humanos tiveram mais acesso ao poder. O único ponto em que houve uma piora, foi em relação ao Bahia, que penou nesses 08 anos, mas que está se reerguendo.
Em relação à justiça, há um aspecto, extremamente sensível, que melhorou bastante, nos últimos 08 anos: a Defensoria Pública, instituição responsável pela assistência jurídica aos pobres. E posso testemunhar, que isto se deu, mesmo em âmbito estadual, devido à atuação positiva do Ministério da Justiça. Além de ter apoiado menos às Defensorias, Serra ainda tem entre um de seus maiores aliados, justamente o único político que se gaba de ser contra fortalecer a instituição que defende os pobres, não foi eleito e possivelmente ocuparia algum cargo no governo tucano.
Depois de acompanhar a atual campanha, porém, não posso mais ter qualquer dúvida sobre quem votar e nem mesmo cogitar o voto nulo. A campanha de Serra conseguiu fazer a discussão sobre direitos humanos regredir como nunca no Brasil. A imposição da pauta religiosa e a hipocrisia sobre a descriminalização do aborto são de dar nojo. É verdade que Dilma também tem sua parcela de culpa, por não ter coragem de enfrentar as questões. Mas, quem estabeleceu a pauta e insistiu nela foi Serra.
Hoje, como bem disse Elio Gaspari, Serra fez a gente voltar 46 anos, à marcha da família com Deus, de 1964. A sua campanha tem como base a "Tradição, Família e Propriedade". Não é o PSDB neoliberal que está enfrentando Dilma. Antes fosse!. Quem está enfrentando o PT é o antigo PFL, é a antiga Arena, é a antiga UDN. O discurso mais atrasado, oligarca e tradicionalista que parecia estar indo embora, com a hegemonia do PT e do PSDB, está voltando. Escolher Serra, seria escolher o atraso.
Por estas razões, tenho um posicionamento claro. O que me desagradou no governo Lula foi justamente a sua semelhança com o governo FHC. O PT, com Dilma, teve muitos pontos favoráveis, que Serra e o PSDB não tiveram. A campanha de Serra foi a mais mesquinha, retrógrada e inconsenquente que vi, desde a de Collor. Voto em Dilma, não por estar plenamente satisfeito com o atual governo, mas porque a outra opção é pior. Se não tivesse nenhuma razão para votar nela, pela comparação entre os dois governos, ainda assim faria isto porque não quero precisar de um neo-iluminismo, no Brasil. Votar em Dilma, agora, é mostrar que não aceitamos campanhas medievais e que o nível do debate tem que ser outro.
Estamos no segundo turno da eleição presidencial e é preciso definir em quem votar, já que não optei por nenhum dos vencedores do primeiro turno. Temos de um lado,a candidata do governo e de outro o da oposição, que foi governo nos 08 anos anteriores. Então, para começar a decidir, tenho que pensar no que me desagradou, na última administração e se foi diferente antes.
A primeira coisa que não gostei foram as alianças feitas pelo PT (com Sarney, por exemplo). Mas, pensando bem, foram as mesmas feitas pelo PSDB. Não é, portanto, um critério para votar contra o governo. Depois vieram os casos de corrupção. Mas, eles aconteceram também no governo de FHC (compra de votos para reeleição, privatizações, etc). Outra vez, não é um critério válido. Dizer que o PT foi pior porque pregava a ética e não foi, pra mim, não faz sentido. Desde quando o PSDB assumiu que não era ético? Não gostei também da política criminal, mas não foi semelhante àquela do PSDB. Estes fatos poderiam justificar um voto em Plínio, Zé Maria, etc., mas não em Serra ou Dilma (nem em Marina, porque participou do governo quase até o fim).
Resta, então, ver o que cada um fez, ou parece que fará, e a condução das campanhas. Os números são amplamente favoráveis ao governo de Lula e Dilma, em relação ao governo de FHC e Serra, embora os últimos também tenham seus méritos. É inegável que a pobreza diminuiu nos últimos 08 anos. É nítido também que o desemprego caiu, que se investiu mais em educação, que os militantes de direitos humanos tiveram mais acesso ao poder. O único ponto em que houve uma piora, foi em relação ao Bahia, que penou nesses 08 anos, mas que está se reerguendo.
Em relação à justiça, há um aspecto, extremamente sensível, que melhorou bastante, nos últimos 08 anos: a Defensoria Pública, instituição responsável pela assistência jurídica aos pobres. E posso testemunhar, que isto se deu, mesmo em âmbito estadual, devido à atuação positiva do Ministério da Justiça. Além de ter apoiado menos às Defensorias, Serra ainda tem entre um de seus maiores aliados, justamente o único político que se gaba de ser contra fortalecer a instituição que defende os pobres, não foi eleito e possivelmente ocuparia algum cargo no governo tucano.
Depois de acompanhar a atual campanha, porém, não posso mais ter qualquer dúvida sobre quem votar e nem mesmo cogitar o voto nulo. A campanha de Serra conseguiu fazer a discussão sobre direitos humanos regredir como nunca no Brasil. A imposição da pauta religiosa e a hipocrisia sobre a descriminalização do aborto são de dar nojo. É verdade que Dilma também tem sua parcela de culpa, por não ter coragem de enfrentar as questões. Mas, quem estabeleceu a pauta e insistiu nela foi Serra.
Hoje, como bem disse Elio Gaspari, Serra fez a gente voltar 46 anos, à marcha da família com Deus, de 1964. A sua campanha tem como base a "Tradição, Família e Propriedade". Não é o PSDB neoliberal que está enfrentando Dilma. Antes fosse!. Quem está enfrentando o PT é o antigo PFL, é a antiga Arena, é a antiga UDN. O discurso mais atrasado, oligarca e tradicionalista que parecia estar indo embora, com a hegemonia do PT e do PSDB, está voltando. Escolher Serra, seria escolher o atraso.
Por estas razões, tenho um posicionamento claro. O que me desagradou no governo Lula foi justamente a sua semelhança com o governo FHC. O PT, com Dilma, teve muitos pontos favoráveis, que Serra e o PSDB não tiveram. A campanha de Serra foi a mais mesquinha, retrógrada e inconsenquente que vi, desde a de Collor. Voto em Dilma, não por estar plenamente satisfeito com o atual governo, mas porque a outra opção é pior. Se não tivesse nenhuma razão para votar nela, pela comparação entre os dois governos, ainda assim faria isto porque não quero precisar de um neo-iluminismo, no Brasil. Votar em Dilma, agora, é mostrar que não aceitamos campanhas medievais e que o nível do debate tem que ser outro.
Salve, Rafson! Decisão acertada! E fundamentada (só não entendi a parte dos "méritos" do governo tucano; é que não achei nenhum...). Segue o link de um vídeo que compara os 8 anos do governo FHC/Serra com os 8 anos de Lula/Dilma. O material é excelente. Confira:
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=kgTgdd41N4w&feature=player_embedded
Um grande abraço. E vamo que vamo!
é... o bahia campeão do mundo é realmente difícil... deus me livre! no mais, meus sonhos coincidem com os seus, rafsão!
ResponderExcluirSabe, depois de lidar o dia todo com números, você percebe que eles podem dizer muito, mas também podem dizer nada - podendo ser dispostos à vontade de quem os apresenta, e falando qualquer coisa.
ResponderExcluirQuando vejo essas comparações entre governo Lula e FHC, me coloco na época que cada um estava presidindo: quando FHC assumiu a presidência, pegou o Brasil de presente de Itamar - apenas 2 anos depois de Collor fazer uma lambança na economia. É fato que Collor abriu a economia de uma maneira desastrada, implementou um "confisco" totalmente mal-pensado e mal-planejado, e ainda por cima nos brindou com escândalos de corrupção absurdos. Negócios quebraram, empresas faliram. O Brasil retrocedeu enormemente.
Sou de Blumenau e sei muito bem como quase todo setor têxtil foi desmoronando à medida que as importações foram totalmente abertas do dia para a noite. Aliás, Blumenau era uma cidade economicamente muito forte antes do governo Collor, e foi praticamente reduzida a nada nos anos seguintes - só recuperando parte das suas forças recentemente. Há de se lembrar também que a nossa única montadora 100% nacional, teve um enorme revés com diversas medidas impensadas do governo - como a retirada de benefícios e incentivos - e acabou por falir ainda no governo Itamar.
Resumindo, o Brasil que FHC teve de presente foi um Brasil com inflação galopante e uma balança comercial totalmente desequilibrada. Para conter a inflação, o governo precisa conter gastos, conter salários, e por aí vai.
No caso do Lula, as coisas foram diferentes: o Brasil já estava muito melhor, não possuía mais a mesma instabilidade econômica de antes, e precisava que houvesse continuidade na política adotada por FHC. E é exatamente isso que o Lula fez. A propaganda da candidata Dilma fala sobre privatizações, mas esquece de comentar que Lula deu prosseguimento no programa brasileiro de privatizações. Inclusive, a privatização de rodovias federais ocorreu justo na gestão de Lula!
O fato é que a gerência do Brasil foi relativamente boa e tanto iniciou quanto deu continuidade a diversos programas sociais e de incentivo ao setor privado. Claro que a segurança pública está um caos, tratamento de esgoto está uma vergonha - especialmente aqui, em Santa Catarina - e as nossas maiores instituições do legislativo e executivo sofrem com diversos escândalos de corrupção que afetam praticamento todos os braços - direitos e esquerdos - de boa parte dos que lá estão.
Aliás, lembra das enchentes em SC, especialmente na região de Itajaí e de Ilhota, que devastaram o estado em 2008? Poisé, de toda a verba prometida, só algumas moedas foram liberadas. Enquanto isso, a Bahia recebeu 90% da verba. Veja só essa matéria: ClicRBS.
Além disso, a pequena verba liberada para SC foi segurada por tanto tempo, que o processo entrou num modo de licitação lento, e que caminha a passos de formiga. Para se ter uma idéia, uma das entradas da cidade de Blumenau ainda contava com uma enorme vala e um desvio de trânsito até esse mês - ou seja, QUASE 2 ANOS depois das enchentes. Tudo por falta de verba prometida pelo governo federal.
Acho que é muito fácil dizer que "agora está melhor que antes" - entretanto, me pergunto o que teria sido do Brasil se, por acaso, o PT tivesse assumido a presidência naquela época. Será que eles teriam o mesmo foco em direcionar as políticas públicas para uma vertente de equilíbro entre social e capital? Pessoalmente, tenho as minhas dúvidas.
Na minha opinião, esse tipo de atitude - desigualdade em distribuir as verbas - é uma típica perversão política. Do tipo "votam em mim, eu ajudo - não votam tanto assim, não ajudo". Separar o povo dessa forma não é só uma falta de ética, é falta de caráter.
Acredito que estes sejam motivos de sobra para não votar na Dilma, mas enfim - cada um tem os seus.
E é isso.
Rafson tô contigo! Essa apelação de campanha.. de levantar dogmas religiosos e retrogados para ganhar voto foi o golpe mais baixo e desesperado q um candidado pôde tomar. Só não condordo com esse comparativo q insistem em fazer entre 8 anos de FHC/SERRA e 8 de LULA/DILMA. Covenhamos q o Brasil q FHC pegou estava muito, mas muito mais bagunçado do q o q Lula recebeu de herança. É muito mais fácil manter um projeto em andamento do que iniciá-lo. Para mim os dois foram grandes presidentes, um conseguiu colocar um país desgovernado, em meio a crises financeiras, nos trilhos.. e o outro pisou no acelerador. Mas como eu quero continuar pisando fundo... voto em Dilma.
ResponderExcluirGostei dos apoios e das ponderações, exceto da de Maíra sobre o Bahia. Realmente FHC encontrou um país mais desarrumado. Por isto, reconheço que teve méritos.
ResponderExcluirEm relação ao exemplo da distribuição dos recursos pelo Ministério da Integração Nacional, concordo que seria um motivo para votar contra, mas o Ministro, Gedel, era um dos mais influentes da base de apoio de FHC. Nesse caso, volto ao ponto: seria um argumento para votar contra os dois não só contra ela.
Fala Rafson!
ResponderExcluirEu só discordo que a campanha de Dilma esteja mantendo um nível melhor que a de Serra.
A questão das privatizações, por exemplo, vem sendo tratada pelo PT com o mesmo terrorismo que se fez em 2002 contra Lula.
Além disso, é uma desonestidade da campanha governista a afirmação de que eles encontraram o pais com a inflação "fora de controle", para confundir a memória curta do eleitor, sendo que o PT encontrou um pico inflacionário transitório provocado pelo "risco Lula", o temor do Mercado (com M maiúsculo, lamentavelmente...) diante da posse iminente do operário presidente que refundaria(?) o país.
O engraçado é que, assim como Dilma não teve coragem de sustentar a sua posição pró-aborto, Serra não teve coragem de sustentar, na propaganda, com a ênfase necessária, os pontos positivos das privatizações dos anos 90.
Se a gente não pode julgar os candidatos pela honestidade das propagandas, ou dos aliados, resta analisar os projetos, não pelo que eles dizem (pois é rigorosamente o mesmo: elevação do gasto público), mas pelo que eles fazem, e pela sua coerência com o que dizem e o que disseram...
Sobre isso, não tenho nada a acrescentar ao seu comentário...
Dilma será o voto menos empolgado da minha vida, o voto mais claramente dirigido ao "mal menor", mas será meu voto...
Bom, Rafson!...Por primeiro, quero agradecer o comentário, ou melhor a aquiescência ao convite para participar do IX Congresso em Campo Grande/MS. Depois, comentando o que se deve ser comentado, tenho cá minhas razões para discordar da Dilma para ocupar o cargo mais alto do Brasil; há muitas intempéries no governo Lula, inclusive no (s) Ministério (s) sob o comando da candidata em questão. Talvez pelo fato de serem casos mais recentes e de mais alto valor financeiro, não quero votar para que ela dirija nosso País daqui para a frente! Saudações e, até Campo Grande/MS!
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