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domingo, 8 de agosto de 2010

Uma Noite em 67

Aí vai a indicação de um ótimo filme.

Trata-se de um documentário, com imagens e entrevistas com pessoas que partciparam do Festival de Música da Record, em 1967. Creio que havia muitas coisas que faziam daquele um momento especial. Os Beatles haviam explodido, o movimento hippie começava a se espalhar e o Brasil vivia uma ditadura.

A cultura se dividia entre os que não se importavam com política, os que rechaçavam aquele regime e os que questionavam toda a sociedade. Na música, associava-se os primeiros à Jovem Guarda, de Roberto Carlos; os segundos à MPB de Chico Buarque ; e os terceiros à turma de Caetano Veloso, que iniciava o Tropicalismo. A efervescência era tamanha e tão confusa que até passeata contra a guitarra se realizou.

O auditório se envolvia apaixonadamente na disputa. A torcida não economizava em vaias e aplausos, que não dependiam necessariamente da qualidade da música ou da apresentação. O filme evidencia bem o fato ao reprisar a apresentação de "Beto Bom de Bola", onde Sérgio Ricardo demonstra, sem nenhuma sutileza, o incomodo com os apulpos, de fato, desrespeitosos. O clima de competição era estimulado pela TV, embora seus diretores digam não tinham noção da dimensão. Para eles, a disputa era semelhante à luta livre, onde era necessário existir personagens, como mocinhos, vilões, etc. Nada além disto.

O mais interessante é que na final daquele ano, concorreram 05 jovens com pouco mais de 20 anos, cujas músicas eram simplesmente: "Alegria, Alegria", "Domingo no Parque", "Ponteio" e "Roda Viva". A quinta música, única que não se tornou "clássica" foi o samba "Maria, Carnaval e Cinzas". Sua interpretação, porém, foi feita por um ótimo Roberto Carlos. Os outros garotos eram Caetano Veloso, Gilberto Gil, Edu Lobo e Chico Buarque.

Só a possibilidade de ver as apresentações dos hoje monstros sagrados justificaria a ida ao cinema, mas as entrevistas também são deliciosas. É possível ver como ao compor aquelas pérolas, os músicos ainda eram meninos, que nem sabiam bem o que faziam. O Tropicalismo explodia e a sua nova estética fazia um Chico Buarque de 23 anos sofrer por se sentir velho. Caetano Veloso que dizia pensava um movimento "pop" não conseguia sequer definir o que seria "pop".

Em resumo, é imperdível para quem gosta de música, de cinema e de história. É a dica do Rafito!


Um comentário:

  1. Velho, me falaram muito bem deste filme!
    Estou lendo Noites Tropicais de Nelson Motta (se não leu, indico).
    Ah, mantenho um blog também, www.rodrigobaratassa.blogspot.com
    Abraços,
    Rodrigo Barata

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