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terça-feira, 27 de abril de 2010

Receio



Notícia de " O Globo".

"Serra e Dilma receosos com soltura de presos

Publicada em 26/04/2010 às 23h15m

Jailton de Carvalho e Sergio Roxo
(...) Em São Paulo, entrevistado na TV Bandeirantes , Serra afirmou que só é favorável ao uso de tornozeleiras eletrônicas para controlar presos que já têm autorização para saídas temporárias da prisão ou estão no semiaberto. O tucano disse que é contra utilizar a inovação para permitir que mais detentos sejam beneficiados com a liberdade.

- Tornozeleira não é para soltar mais. É para aqueles que já saem, que têm o semiaberto, terem tornozeleiras. Não sou a favor de soltar mais - disse Serra, lembrando que o governo de São Paulo está fazendo licitação para contratar o serviço de monitoramento dos presos.

(...) Dilma escreveu sobre o assunto no Twitter. Negou que a proposta do governo preveja a liberação de presos. "Tive informações do M. Justiça de que, de maneira alguma, se pretende soltar 20% dos presos do país. Na verdade, o que se pretende é que presos que são soltos por decisão legal, e que, por exemplo, não retornam do fim de semana, sejam monitorados com pulseira eletrônica", escreveu Dilma.

(...)

Em São Paulo, Serra disse ainda que a lei de progressão de penas "deve ser revista" no país.

- (Quem) mata numa briga comete um tipo de crime. Matar uma criança é outro. Acho tem que diferenciar e rever toda essa estrutura (de penas). Sou a favor de respeitar os direitos humanos, mas bandido tem que ser enfrentado com dureza.

O ex-governador de São Paulo aproveitou o programa para defender leis mais rigorosas para criminosos e prometeu criar o Ministério da Segurança Pública, caso seja eleito."

Sempre estranhei quando alguém defendia o uso das pulseiras ou tornozeleiras eletrônicas, como meio de enfrentamento do crime. A imagem que me aparecia era a do filme X-Men, em que existia máquina para, basicamente, localizar todo mundo. Cada pessoa era um ponto vermelho ou azul, em um grande mapa. Era necessário apenas um mutante telepata para operá-la. Como não tenho notícias da disponibilidade de super heróis no mercado, penso que o aparelho seria só outro faz de conta.

Nunca gostei da idéia, porque imaginava que se criaria um grande empecilho para a adaptação á vida livre. Creio que haveria uma forte rejeição ao portador do adereço nas ruas. Quem sentaria do lado dele no ônibus? Também seria um pouco estranho, no ambiente de trabalho. Se a existência das certidões de antecedentes já causa um estrago danado, imagine uma que vivesse grudada em cada um. Só faltaria escrever o artigo do Código Penal na testa.

Disseram-me, porém, que apesar disto, seria uma alternativa à prisão e por isto, válida. Desconfiei, relutei, mas acabei convencido. Lendo, porém, as declarações dos dois candidatos a presidente que lideram as pesquisas, concluí que é mais um engodo. Tucano e Petista fazem questão de frisar que só são favoráveis ao uso em que já estaria solto. Resultado, não haveria outra consequência prática, além de mais estigmatização.

Pra finalizar, Serra, repete o velho discurso de que respeita os direitos humanos, mais bandido deve ser enfrentado com dureza. É mais ou menos como quem diz que não é racista, mas preto tem que saber o seu lugar ou não é machista, mas a mulher deve servir ao marido. Conversa contraditória, mas que agrada ao eleitorado.

Infelizmente, parece que o que nos espera é o mais do mesmo. Receoso estou eu.

Um comentário:

  1. Realmente Rafson, é fácil ficar receoso quando soluções simplistas e preconceituosas são empurradas por uma mídia que vangloreia os instrumentos de "Lei e Ordem". Infelizmente nossos candidatos, reféns desse medo coletivo incutido nas nossas mentes, já começaram a demonstrar que dias negros nos aguardam...

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