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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Lugar Nenhum

Mais uma dica de cinema, imperdível para quem gosta da 7ª arte e de música: O Garoto de Liverpool (Nowhere Boy). Conta-se a adolescência de John Lennon, um menino inteligente, porém violento, arrogante, irresponsável, indisciplinado, grosseiro e ladrão. Logo no início, ele recebe uma advertência: "assim você não vai a lugar nenhum".




Três coisas chamam atenção. Em primeiro lugar, o trágico drama familiar do futuro cantor, abandonado pelos pais e criados por sua tia Mimi. Em segundo lugar, especialmente para quem curte Beatles, há o encontro entre os jovens John e Paul e o impacto disto na vida do primeiro.



O novo amigo ganha admiração e ciúme, já que demonstra não ser mais um coadjuvante. Além disto, sua personalidade diferente estremece o papel de "bad boy" que John encarna. Em um dado momento Lennon questiona os conhecimentos de McCarney, já que ele nem "tem cara de roqueiro". Este responde: "só porque não saio quebrando tudo e fazendo idiotices? o que importa é a música, John...". É uma verdadeira chamada para o amadurecimento.



O terceiro aspecto, talvez o mais importante, pela reflexão que enseja, é a demonstração de como foi tênue a fronteira que separou a formação de um dos músicos mais influentes do século, da formação de mais uma carreira delinquente. Um amigo do protagonista fala sobre a possibilidade de se tornar policial.

"Já imaginou? Eu ia ter que prender as pessoas. Eu ia ter que prender você, John!"

Sem o talento musical, ou, quem sabe, sem encontrar Paul, o garoto de lugar nenhum viesse a ser um homem da prisão. O cara que pregou um mundo sem guerras e posses, com o povo vivendo a vida em paz era bom ou mau? Era um bandido ou um herói? Era um gênio ou um monstro? A resposta pode estar também na sua música mais famosa pós-Beatles: "Imagine se não houvesse céu (...) e nenhum inferno abaixo de nós".



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